A Música e o avanço tecnológico

A lei do menos esforço, sempre esteve presente no imaginário do ser humano. Para quê "alombar" (carregar às costas) se alguém já tinha inventado uma roda. O lado mais interessante do avanço tecnológico é a sua polaridade, muita poucos vezes ponderada por quem o utiliza. Tudo nesta vida tem o seu lado positivo e negativo. Quem é que gosta de estar doente? Se todos tivéssemos saúde, como é que os médicos, enfermeiros, farmácias, etc. ganhavam o seu dinheirinho? A lei do menor esforço aplica-se a tudo e a todos , excepto... com o avanço tecnológico nos despede. Porquê colocar um portageiro numa auto-estrada se pode ser substituído por uma máquina?

Com a música está a acontecer a mesma coisa. Cantar afinado... para quê? O computador afina. Comprar um disco... para quê? Então para que servem os ficheiros MP3? Se ninguém compra discos, de que é que vive o autor / compositor ou o artista?

Já teve a infelicidade de ter ao seu lado um automóvel que na mala tem um altifalante de graves (pum, pum, pum). Dizem que gostos não se discutem, mas será que os nossos ouvidos estão preparados para aquele volume de som? E em Discotecas onde se fala utilizando linguagem gestual, mensagens por telemóvel, muitos "CURTOS" dão direito a bebedeira, mas... será que os nossos ouvidos estão preparados para este volume de som? Gostos não se discutem e perguntar não ofenda. Será avanço tecnológico das novas gerações? Cuidado... porque quando forem mais velhos, a factura vai ser cara.

Comprei uma TV das modernas, mas quanto a mim... deve estar avariada ou eu não sei trabalhar com o aparelho de grande avanço tecnológico. Tem vários programas que ensinam a cozinhar, especialistas em futebol e desporto, como vestir segundo as regras da moda, muitos filmes de crimes e violência, mas de música só aprecem as pernas das raparigas (por sinal jeitosas) e telediscos de promoção discográfica.

Se ensinam a cozinhar, porque é que não ensinam a tocar Guitarra Portuguesa ou Cavaquinho? Bem sei que um Cavaquinho é mais duro de roer, do que um bom bife, mas tenho pena que o avanço tecnológico não sirva também para a música (em televisão). Se calhar a música não tem a mesma força, nem adeptos que o futebol. Como tal os índices de audiência não eram os mesmos e davam prejuízo às televisões.

Portugal é um País muito rico em tradições musicais, instrumentos, bonitas paisagens, bons petiscos... então porque não o estimam? Se poder compre e aprenda a tocar um instrumento musical. Quem gosta de viajar e não conhece BEM Portugal e não o viu e ouviu atentamente, "...pode ser mais, mas sabe menos do que eu" (a frase não é minha, mas dum poeta brasileiro).

Será que os portugueses têm vergonha de serem portugueses? Não é um afirmação, mas sim uma pergunta para cada um de nós. O mais grave é que este fenómeno só acontece neste bocadinho de terra à beira mar plantado.

O avanço tecnológico está a mudar a nossa maneira de estar. Com um telemóvel fazemos tudo. Para quê uma máquina fotográfica, uma de filmar, um GPS, um computador, escrever uma carta (ainda sabe escrever cartas?), falar e ver à distância, mas... cada vez estamos mais sozinhos. Daí o mistério de um instrumento musical onde as ondas sonoras não têm um formato digital. Depois a rapidez do avanço tecnológico. Compramos um telemóvel por 20 e passados 3 meses só vale 10. Está desactualizado. Mas desta forma este avanço só é privilégio dos ricos ou dos viciados. Na música, a electrónica limpa a carteira ao músico. Mas um bom instrumento acústico está sempre a valorizar e nunca está desactualizado.  Por isso estime os instrumentos acústicos que tem, porque eles são um bom investimento, além do prazer de os tocar na sua solidão ou em roda de amigos. Gostar de tocar um instrumento musical não é sinónimo de ser artista. O prazer de sentir o som que brota da caixa acústica quando o estamos a tocar, nunca será vencido pelo avanço tecnológico.

Como sempre, se encontrar erros ou gralhas neste texto diga da sua justiça. Eu agradeço a sua amabilidade.