A palavra fado e...

 Fado como expressão musical

Muitos são os investigadores, que não têm o cuidado, dum análise atenta à palavra Fado. Uma coisa é a palavra Fado, que tem origem no vocábulo Fatum (latim) que quer dizer destino e outra é Fado como expressão musical. Porque se vai à procura das origens do Fado como canção, não tendo o cuidado de distinguir nos livros que lê e que vão servir de suporte ao seu estudo sobre está matéria, não está a prestar um bom serviço ao Fado. Basta consultar as enciclopédias, que deviam ser um exemplo de verdade do conhecimento, para entender a importância deste assunto.

Antes de nascer o Fado nasceu o fadista, uma personagem do ambiente boémio lisboeta e só lisboeta, que cantava as suas proezas. Mas quem era o "Fadista"?

Se tiver paciência para ler e reler todos os livros que constam na bibliografia fadista que aparece no campo " os livros que falam sobre Fado" e para isso disponha de 10 anos de sua vida com leitura de 5 horas por dia, 365 dias por ano, poderá verificar que a palavra Fadista aparece pela primeira vez num livro que fala sobre a prisão do Limoeiro publicado em 1848. Repare que tem a sua lógica, porque este personagem tem a ver com a situação política portuguesa, vivida no início do século XIX com as invasões Napoleónicas em 1807. A família real e gente endinheirada foge para o Brasil e Portugal fica ... como diz o povo "sem rei nem rock" embora o rock ainda não tivesse sido inventado. Mas para ficar bem esclarecido ou formular uma opinião sobre este assunto, nada melhor que ler com atenção dois livros publicado com um ano de diferença um "O Fado" de Pincar, José Pinto Ribeiro de Carvalho (Lisboa-1858,19309 e um outro, completamente diferente e com opiniões bem diferentes de Pincar chamado "A triste canção do Sul" de Alberto Augusto de Almeida Pimentel (Porto-1849, Queluz-1925). Neste livro pode verificar que a palavra Fado com expressão musical só aparece na 4ª edição do Dicionário de Lacerda de 1874. Se tiver o cuidado de comparar datas, não vale a pena procurar origens da Fado como canção, em datas anteriores a 1800 e qualquer coisa. A não ser que queira a viva força não distinguir "Fado Palavra" de "Fado Expressão Musical". Então Luís de Camões (século XVI) já era fadista pois pois no seu poema épico "os Lusíadas", nas suas 1102 estrofes, utiliza 17 vezes a palavra FADO. Mas este assunto é polémico mas ao mesmo tempo apaixonante, isto se gosta de afirmar que gosta de Fado... com expressão musical. A talho de foice o Fado foi levado pelos estudantes para Coimbra, onde lhe deram um cunho bem pessoal, no cantar, tocar e no próprio ambiente de ar livre diferente do ambiente fechado do de Lisboa. Como tal criaram uma nova canção. Por isso não diga Fado de Coimbra mas sim "Canção de Coimbra". É que até no vinho se pode escolher, branco, tinto, rosé, verde e os mais espertos utilizam o martelo par o seu fabrico.

Mas como sempre a verdade era uma folha verde veio um burro e comeu-a. Se não concorda ou encontrou gralhas na escrita ou frases mal construídas, diga da sua justiça.

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José Lúcio Ribeiro de Almeida