Não invente Histórias sobre o Fado

Se gosta de Fado é importante que não o maltrate. Se gosta de Fado é importante que leia vários livros sobre Fado para que depois possa formular a sua opinião, baseada em factos minimamente racionais. É que cada vez mais encontro "especialistas na matéria a mandar palpites sobre o assunto e não vejo ninguém com a coragem de lhes perguntar: onde é que foi buscar essa afirmação.

Se não gosta de ler muitos livros aconselho o livro de Eduardo Sucena, Lisboa, o Fado e os Fadista, que se lê muitíssimo bem e pode muito bem acontecer que fique desperto para o assunto. Claro que para o amante de Fado o livro " A triste Canção do Sul", publicações D. Quixote, de Alberto Pimental é fundamental. Porque ao ler este livro vai entender as grandes asneiras que se dizem sobre o Fado por pessoa importantes, que deviam ter uma grande responsabilidade sobre o assunto. Dar algo ao Fado é uma coisa, viver do Fado é outra. Cantar o Fado é uma coisa, investigar sobre o Fado é outra.

As origens do Fado

Quando se fala na origem de uma música, a primeira coisa que o investigador deve ter em conta é o estudo histórico e geográfico do assunto. Antes de nascer o Fado primeiro teve de nascer a pessoa que o criou ou cantou.

As afirmações que não deve fazer. Ou se quiser faça, mas prove que tem razão.

O Fado é a Canção Nacional - (mentira)

O Fado é uma canção urbana de Lisboa, que foi bem aceite pelos portugueses e passou a ser cantada em todo o território nacional.

O Fado tem origem Árabe - (mentira)

No sul de Portugal onde a cultura e tradições árabes se mantiveram por mais tempo, não há na sua literatura, qualquer referência a este tipo de canção. Também não se esqueça de que o tipo de escalas utilizadas nas músicas árabes nada têm a ver com as utilizadas no Fado.

Na batalha de Alcácer-Quibir não existiram Guitarras.

As crónicas da batalha de Alcácer-Quibir (norte de África), foram feitas por um monge francês de nome Caveral e escritas em Francês. Alguém traduziu a palavra "Guiterne" para Guitarra. A "Guiterne" é um instrumento parecido com as nossas Viola de Arame. A Guitarra Portuguesa, ainda não existia.

O Fado é uma Canção de Marinheiros - (mentira)

O Fado é uma canção Lisboeta. Portugal te 700 km de costa e com tal muitos marinheiros. A escola de marinheiros era em Sagres.

Quando falar de Fado não se esqueça de dizer de que tipo de Fado está a falar:

Fado - Fado

Fado Canção

Fado Revisteiro

Fado Tauromáquico

Fado Brejeiro

Fado a Atirar

Fado Político

Olarilolé... o Fado foi utilizado como arma política pelos republicanos contra a monarquia.

Se não concorda ou encontrou gralhas na escrita ou frases mal construídas, diga da sua justiça.

jose-lucio@netcabo.pt

José Lúcio Ribeiro de Almeida

 

Tipos de Fados

Fado - Fado

  Canção do ambiente tradicional Fadista, onde se incluem os Fados tradicionais. Para a mesma música existem vários poemas. Por exemplo, o fadista ou a cantadeira diz à “parelha” (Conjunto de Guitarra e Viola), vou cantar o poema “tal” no Fado Alberto em Mi. A Parelha faz a introdução e o fadista ou cantadeira utilize o suporte musical do Fado em questão para cantar um poema que não corresponde ao poema original desse Fado

Fado Canção

Fado musicado com letra própria. A música e o poema são sempre os mesmos. O que não quer dizer que não tenha acontecido alguém fazer uma letra diferente, mas por hábito não acontece.

Fado Revisteiro

Fado incluído numa revista, com refrão repetitivo que tinha por função cativar os espectadores, associando a melodia ou refrão a Revista em si tentando angariar mais público. Normalmente era um Fado polémico e servia de crítica social actualizada, tendo por finalidade criticar alguém importante fugindo às malhas da censura e da "PIDE". Como exemplo o Fado da Bomba da Revista Pé de Dança (1931). Tem a ver com a mudança sucessiva de governos e com a instabilidade do país.

Fado Tauromáquico

Relata, em jeito de história, ambientes ou acontecimentos vividos nas Praças de Touros durante as corridas, ou histórias com cavalos ou touros. Exemplo “ A última tourada em Salvaterra ou o conhecido “Cavalo Ruço”.

Fado Brejeiro

Fado que tinha como função contar determinadas histórias em versos, normalmente em quadras. Não utilizava palavrões mas sim, frases que davam a entender a situação. O Fadista Joaquim Cordeiro foi na época um dos principais. Eram utilizadas as chamadas quadras de pé quebrado. Rimava mas fugia ao palavrão.    

Fado a Atirar

Quando o Fadista (homem) ou Cantadeira (mulher) não era pago ou não pertencia ao elenco da casa de Fado e precisava de dinheiro, improvisava uma letra, com um suporte musical conhecido, para que os clientes lhe “ATIRASSEM" dinheiro.