ALFREDO KEIL


A sua chegada ao mundo teve lugar no ano de 1850, na cidade de Lisboa, onde o pai, de origem alemã, trabalhava como alfaiate (mestre de costura de fidalgos da corte e era um homem muito culto e de fino bom gosto).

 A mãe, por sua vez, era de origem francesa, aliás uma senhora de excelente educação. Dos dois recebeu muito carinho, muito apoio e meios para ter uma esmerada educação, quer moral, quer no domínio intelectual. Tinha 12 anos quando fez imprimir a sua primeira obra, intitulada "Pensée Musicale", que dedicou à mãe. A música sempre o seduziu e nela veio a ocupar um lugar de muito destaque. Mas, ainda adolescente, enveredou pela Pintura e, também aí, deu provas de um génio. Por isso, ao longo da vida manteve e cultivou esses dois grandes amores: Música e Belas-Artes.

Viajou para Nuremberga e para Munique, com o intuito de usufruir do saber de grandes mestres, sem esquecer que os teve de excelente carreira na sua cidade natal.

Estudou Pintura com Joaquim Prieto, Miguel Lupi, Kremling e Von Kaulbach. A música foi-lhe ministrada por António Soares, Ernesto Vieira, Óscar da la Cinna. Pupilo de tão talentosos pedagogos, começaram a nascer e a crescer frutos sazonados e de extraordinária qualidade. Pintou cerca de dois mil quadros paisagísticos, românticos e cenas geniais. Na música produziu centenas de trechos sonoros (três óperas, polcas, fados, valsas, melodias para piano e canto e diversos outros géneros musicais).

Como pintor, introduziu em Portugal cores e temas germânicos, já que o nosso país era um protector cultural francês.

Quanto à música, estando a nossa produção muito enfeudada aos italianos, porque quase só as óperas italianas eram aplaudidas e postas em cena, imprimiu à sua música um cunho e uma componente nacionalista. A ópera "Serrana" dá início a esse grande ciclo de viragem para um género puramente português. As outras duas óperas são: "Irene" e "D. Branca"- esta última foi um verdadeiro sucesso, que quase fez abater o S. Carlos.

Pintou Portugal, quase de uma ponta a outra, mas essencialmente, o vale de Colares, local da sua residência. Percorreu as terras do interior e do litoral e vagueou por zonas longínquas, como a Baviera, a Normandia, Fontainbleau, Babizon e desde o lago de Magrose até Nápoles. Pintou inúmeros roteiros, pelo menos cinquenta álbuns, devidamente equacionados, repletos de impressões. Dominou várias manifestações superiores e distinguiu-se, quer na conversação, quer graficamente, seis idiomas. A sua presença foi sempre muito desejada nos salões de toda a Europa. Os reis obsequiaram-no com vénias, ordens e comendas. Os republicanos conspiraram contra o seu hino, "A Portuguesa", inspirado pela ofensa do ultimato inglês - 1891. Todos, porém, o coroaram: os monárquicos e os republicanos. E ele, com o seu hino (onde se enquadram maravilhosamente as estrofes escritas por Henrique Lopes Mendonça) coroou a República.

Casou-se com Cleyde Cinatty, filha de um arquitecto e cenógrafo italiano. E, para encerrar o ciclo de internacionalizações, no ano de 1907, faleceu em Hamburgo, onde foi conduzido para ser submetido a uma melindrosa operação cirúrgica.

 

 
 
     

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