Cavaquinho de Cabo Verde

O conhecimento destas ilhas é provavelmente anterior à fixação no arquipélago dos portugueses. O seu achamento deu-se no século XV, quanto aos seus efectivos descobridores existe alguma polémica. As primeiras ilhas a serem descobertas foram provavelmente a de Santiago, Maio, Boavista e Sal, em 1460, pelo veneziano Cadamosto no decurso da segunda viagem ao longo  da costa ocidental de África ao serviço de Portugal. As ilhas de Brava, São Nicolau, São Vicente, Rasa, Branca, Santa Luzia e Santo Antão terão sido descobertas, em 1462, por Diogo Afonso. 

A colonização começou logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas  serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização a corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégio aos moradores de Santiago do comércio de escravos na Costa da Guiné. Foi estabelecida uma feitoria em Ribeira Grande (ilha de Santo Antão), ponto de escala para os navios portugueses.  

 

O Cavaquinho de Cabo Verde é um instrumento completamente diferente do Cavaquinho de Braga. Só para terem uma noção do seu tamanho o Cavaquinho de Cabo Verde tem uma caixa acústica de 285 milímetros de comprimento e o Cavaquinho de Braga 243, a ilharga do fundo tem 78 mm enquanto que o Cavaquinho de braga tem 57 mm e 0o comprimento total é 63o mm (Cabo Verde) e 543 mm (Braga).

O Cavaquinho de Cabo Verde de que vou falar foi construído por João Baptista Fonseca (Mestre Baptista - falecido em 1997) que tinha a sua oficina na ilha de S. Vicente.

Embora o Cavaquinho tradicional de Cabo verde tenha forma de uma pequena Viola (como o Cavaquinho de Braga) hoje em já tem a sua emancipação e outras formas que permitem ao seu executante ter outra dinâmica na sua musicalidade. Que eu tenha conhecimento ainda não foi publicado nenhum livro sobre a sua construção. com tal vou falar da minha pequena experiência em relação ao Cavaquinho do Mestre Batista.

A forma tem taco de malhete que permite encaixar o braço e dar-lhe a precisão do seu nivelamento. A escala de 17 trastes é colocada no final e por isso sobreposta ao tampo (o Cavaquinho de Braga tem 12 trastes e a escala é rasante ao tampo e não sobreposta. Na cabeça encontranos carrilhôes de tambor de plástico (idêntico às usadas nas Violas Dedilhadas - ditas de Guitarras Clássicas).

 

 

A afinação do Cavaquinho de Cabo Verde e as cordas usadas

Nos instrumentos que têm uma afinação igual à utilizada nas Violas Dedilhadas aprecem sempre dois tipos de afinação. A 1ª corda afinada em Mi (E) ou afinada em Ré (D). Penso que a razão tem a ver com o desenho de acordes. A 1ª corada afinada em mi (E) permite ao tocador de Viola utilizar os mesmos acordes da Viola Dedilhada.

A afinação do Cavaquinho de Cabo Verde é a seguinte (dada da corda mais fina -1ª corda, para a mais grossa - bordão)

1ª corda afina em Mi (E) - aço de 0,28 mm.

2ª corda afina em Si (B) - aço de 0,33 mm.

3ª corda afina em Sol (G) - bordão de 0,48 mm (bordão utilizado na Guitarra Portuguesa - 4ª ordem).

4ª ordem afina em Ré (D) - bordão de 0,65 mm (bordão da Guitarra Portuguesa - 5ª ordem).

Se tiver um Cavaquinho de Cabo Verde não é fácil encontrar um jogo de 4 cordas para este instrumento. A opção é comprar um conjunto de cordas de Guitarra Portuguesa (Coimbra) por causa dos calibres de aço.

A técnica de tocar este instrumento é muito diferente da técnica minhota e mesmo da brasileira.

A Morna - Música de Cabo Verde

A Morna tem como base a saudade - "Sodade". Tocada com instrumentos acústicos (o sentir do estar sem avanço tecnológico) a morna sente a realidade insular do povo de Cabo Verde. O sentir insular dos seus tocadores e o amor a terra dos que ficam e dos que partem.

A Morna viajou pelo mundo na voz de Cesária Évora. Mas Morna sem Cavaquinho não tem o tempero da saudade.