O Fado "À la Carte""

Se é um amante de Fado (como expressão musical) já deve ter notado uma nova maneira de estar no Fado. Cada vez mais se encontram especialistas na matéria, novos livros e CD's com um Fado diferente do tradicional. Dizem os entendidos na matéria que tudo tem de evoluir. Espero que o "Cozido à Portuguesa" não passe a ser servido como "Cosido à Portuguesa". Contra factos não há argumentos. Uma nova geração de fadistas cresce com um Fado de avanço tecnológico, onde os instrumentos e arranjos originais são substituídos por outros, mais modernos e gravados com os mais avançados sistemas, que a nova tecnologia de gravação permite.

Está na hora de aparecerem novas Casas de Fado onde o Fado é servido ao gosto do cliente. O Fado "À la Carte". Não é novidade, mas já existiram em Lisboa, bares onde um pianista tocava as partituras de Fados vendidas pela Sassetti.

Se quer investir na diferença porque não criar uma Casa de Fado, onde o Fado só seja acompanhado ao Piano!

 

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Para aqueles que partilham da opinião de que o Fado já foi dançado, que tal uma "Casa de Fado Dançado". Enquanto que os clientes então à espera do repasto vão dando "um pé de dança". Nunca se sabe se a moda pega. Não necessita de orquestra, basta um órgão electrónico e uma aparelhagem que faça muito barulho. Pode ter como lema: Faça barulho que se vai cantar o Fado.

 

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Se quer uma Casa de Fado para clientes que se vestem a rigor, então que tal uma "Casa de Tango Fado". Arranja umas bailarinas jeitosas, uns focos de pisca-pisca, empregadas de servir com saias de racha até à inconsciência, "meias de vidro" e uma orquestra de 5 elementos. Não se esqueça de contratar alguém que toque "Bandoneón". Dá um ar mais verdadeiro ao Tango.

 

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Se quer fazer concorrência às Casas de Rodízio brasileiras, dava-lhe a ideia de uma Casa Bossa-Nova Fado. Como especialidades podia ter "Espetada de Fado", "Bife com Fado a Cavalo", "Fado com todos", "Mista de Fados", etc. Contrate um músico brasileiro que toque "Violão" e que tenha uma caixa de ritmos electrónica. Em cima das mesas coloque instrumentos de percussão para os clientes acompanharem o Fado. Como lema utilize a mensagem: abane a anca que se vai cantar o Fado.

 

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Se já é proprietário de uma discoteca, porque é que não substitui o "DJ" por um grupo de Rock. Há por aí tanta banda de garagem sem emprego. Tinham é que saber tocar Rock-Fado. Não se esqueça das bebidas (sem álcool) do tipo: Coca-Fado, imperial Fadista, Cocktail de Fados, Granizada de Fado, etc. 

 

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E que tal uma Casa de Fado Italiano? Só para gente endinheirada. Homens, só de casaca e as senhoras de vestido comprido. Um quarteto de cordas abrilhantava as noites com Valsas Fadistas. Deve instalar um sistema de internet sem fios para que os clientes possam levar os computadores e falarem de mesa para mesa e fazerem os seus pedidos por correio electrónico. Já viu o dinheiro que poupa em empregados de mesa?

 

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Cada vez mais os americanos estão interessados nas praias algarvias. Uma Casa de Country-Fado ou Casa Branca Fadista era o ideal para cativar mais turistas para o nosso País. Podia até arranjar um negócio paralelo de construção de "Guitarras Eléctricas de Fado". Era importante criar um menu turístico como por exemplo: "Cataplana fadista à Camone com Tintol Americano".

 

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Se é músico de Banda porque é que não convence o seu maestro a incluir nas arruadas umas fadistices. Já estou a imaginar um coreto com mesas à volta com cheirinho a sardinha assada à fadista. Não eram precisos cantores. Cantava tudo à molhada. Assim aqueles que cantam mal o Fado não necessitavam que a voz fosse afinada por computador.

 

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Para os amantes do Jazz, não sei porque é que só há um Hot-Club e alguém mais arrojado não cria uma Casa do Fado Gelo? Todas as noites, uma ou várias "Gelo-Sessions" e cada um improvisava o Fado à sua maneira. Para acabarem todos ao mesmo tempo, alguém desligava a luz. 

 

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Diz o povo que quem não tomou chá em pequeno, tarde ou nunca se endireita. Outra ideia era criar uma Casa de Chá Fadista. Só se serviam bebidas à base de Chá. Como bebida especial da casa inventava o Chá Triplo mais conhecido por "chá-cha-chá". Podia fazer concursos de dança de Chá-Fadista e para os vencedores oferecia um serviço de "chá-chá-chá" em porcelana.

 

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Não nos devemos esquecer de que muitos investigadores do Fado vislumbram as suas origens no "Lundum" uma dança de umbigada africana. Uma Casa de Fado Negro, que não era importante que ficasse numa viela, completava a evolução do Fado. Até podia ser numa vivenda para não incomodar os vizinhos. Na Feira do Artesanato comprava uns instrumentos africanos (marimbas, tambores, etc.) e os próprios clientes animavam a festa. Não sei se lembra da "Lambada". Eu disse lambada e não andar à porrada.

 

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Não sei se já ouviu o som de uma "Caixa de Música". Tem um som lindíssimo. Com o apoio das verbas da CEE porque não criar uma fábrica de "Caixas de Fado". É dinheiro em Caixa. O nome da fábrica podia ser Depósito de Caixa, para não confundir com a outra.

 

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Para finalizar uma última sugestão. A 13ª para dar sorte aos investidores. Com o Fado o País vai sair da crise. Quantas igrejas têm campanários ao abandono. Um exemplo: em Mafra existem uns Carrilhões com um som lindíssimo. Quem tocava nesses Carrilhões era o sr. Zé Gato, guitarrista e amante de Fado. Aqui está mais uma solução de se rentabilizar o nosso património.

 

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Agora já pode ser um verdadeiro empresário das novas "Casas de Fado". Deixei-lhe várias soluções. Não sei se o Fado ficará mais rico, mas ele (o Fado) já está habituado. São muitos aqueles que vivem do Fado e são poucos aqueles que lhe dão qualquer coisa. É o fado do Fado (fado = destino, Fado = expressão musical)