Poemas de Fados para "Sorrir" e cantar em roda de amigos

 

FADO A CARTA

 

Lá prós lados de Arganil,

Aos 24 de Abril

De mil novecentos e tal

Querido filho nota bem

Quem te escreve é tua mãe

Por isso não leves a mal.

 

O teu pai foi pela manhã

Com a vaca da tua irmã

Mais o boi do teu cunhado

Andam a lavrar a terra

Que temos no cimo da serra

Lá para quinta do Morgado.

 

Da horta querido João

Até corta o coração

Pois está tudo a morrer

Só os tomates do André

E os grelos da Maria José

É que ainda se podem ver.

 

Os marmelos da Helena

Aquilo até mete pena

Pois estão todos caídos

Não quero dar por desfeito

Mas a coisa leva jeito

De andarem muito mexidos.

 

Recordas os três cãezinhos

Pequeninos muito lindos

Que tinha a Micas Bem Posta

O filho da ti Madruga

Tirou os três à cachopa

Não deixou nenhum p´rá amostra.

 

Assim filho me despeço

Nesta carta eu te peço

Se puderes regressa a casa

Com o mal que anda na fruta

Muita rapariga dá na luta

Já não comem quase nada.

 

 

FADO ADIVINHA

Quer seja curto ou comprido
Quer seja fino ou mais grosso
É um órgão muito querido
Por não ter espinha nem osso.

Quando uma dama aparece
Ele pula com vigor
Se é rapaz novo estremece
Se é velho não tem vigor.

Nunca se encontra sozinho
Vive bem acompanhado
Por 2 outros orgãozinhos
Junto de si, lado a lado.

O nome deste porém
Não oferece confusões
Tem sete letras também
Começa em ... termina em ões.

Não pensem que é má fé minha
E para evitar questões
Os órgãos desta adivinha
São o coração e os pulmões.

 


Fado do Trovador

Gemendo a espremer-se em rija gana,
Obrava formosíssima donzela,
Um lindo cócó cor de canela,
Num lindo bacio de porcelana.

Em cada puxa fazia tal careta,
Que se assim a visse o namorado,
Por certo ficaria algo abalado,
Nos seus doces sonhos de poeta.

Depois com a mão fresca e mimosa,
Agarra num papel acetinado,
E limpa com muitíssimo cuidado,
Aquela cagueirada apetitosa.

Talvez julgueis isto ninharias,
Mas lembrai-vos oh ternos namorados,
Que a mão que lhe beijais apaixonados,
Lhe limpa o alvo cu todos os dias.

 

Fado dos 500 Beijos

Deste-me 500 beijo,
Dei-te 600 iguais,
Agora tens de pagar,
Os 100 que te dei a mais.

Se com gracejos me afrontas,
Põe-te a pau com os meus gracejos,
Vamos lá fazer as contas,
Deste-me 500 beijos.

Foram beijos tão banais,
E de amor tão avarentos,
Para pagar os 500,
Dei-te 600 iguais.

Talvez quisesses lançar-me,
Fama de mau pagador,
Como não tens fiador,
Agora tens que pagar-me.

Ou então vai me dizer,
Sem promessas irreais,
Como posso receber,
O 100 que te dei a mais.

 


Fado Político

Não queiras votar em mim,
Sem que eu te peça,
Nem me dês votos que enfim,
Eu não mereça.
Vê se me deitas depois
Votos na Urna,
Eu sou sincero, porque não quero,
Dar-te um desgosto.

(REFRÃO)
Eu quem eu voto,
Nem às paredes confesso,
E nem aposto, que não voto,
Em ninguém.
Podes votar, podes riscar,
Podes votar em branco,
Eu quem eu voto,
Nem às paredes confesso.

Quem sabe se eu te menti,
E se não voto,
Quem sabe até se voto em ti,
Ai seu “Maroto”.
Se voto ou não afinal,
Isso é comigo,
Mesmo que penses, que me convences,
Eu não te digo.


(REFRÃO)

 


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Formitrol

O Sr. Está constipado
E ficou mal de repente,
Porque não teve cuidado,
Porque foi imprevidente.

Para o mal cujo o motivo,
Foi o vento, chuva ou Sol,
Qual o melhor preventivo,
Formitrol, Formitrol, Formitrol.

Junex / Durex

Em cada casa, uma cozinha,
Em cada cozinha, um Jumex,
Em cada cama, uma pilinha,
Em cada pilinha, um Durex!

Candeeiros da Rádio Vitória

Candeeiros bem bonitos, modernos e originais, (bis)
Compre na Rádio Vitória, não se preocupe mais. (bis)

Porque a Rádio Vitória é a embaixada do bom gosto, (bis)
Quem lá vai é bem servido e sai sempre bem disposto. (bis)

Porque na Rádio Victor, 46, 48, (bis)
Satisfaz-se plenamente o cliente mais afoito. (bis)

 

 

Quadras populares

 

A minha prima Chiquinha
Sem nada p’ra por na mesa, (BIS)
Cortou as duas mamas,
Fez cozido à portuguesa. (BIS)

À porta do cemitério
Cheira a bacalhau assado, (BIS)
Ó almas do outro mundo,
Mandem p’ra cá um bocado (BIS).

Estes rapazes d’agora,
São todos com os tremoços, (BIS)
Andam sempre atrás das moças,
Como os cães atrás dos ossos. (BIS)

Uma menina bonita,
De prata bem prateada, (BIS)
Ou é milagre de Deus,
Ou da água oxigenada. (BIS)

Tenho um lindo namorado
Que me ama perdidamente, (BIS)
Tem um defeito coitado
Cheira sempre mal dum dente. (BIS)

Abri-te o meu coração
Tu fechas-me a tua casa, (BIS)
E não te vejo senão,
Com um grãozinho na asa. (BIS)

Quando eu era rapazote
Davam-me muitas vinetas, (BIS)
Andava sempre amarelo,
De fazer muitas caretas. (BIS)

São João rapioqueiro
Casai-me que bem podeis, (BIS)
Já tenho teias de aranhas,
Naquilo que bem sabeis. (BIS)

Ó meu Gonçalo de Amarante,
Rachador de pau de pinho, (BIS)
Dá-me força no vergalho,
Como o porco tem no focinho. (BIS)

Estas moças que aqui estão,
São bonitas trajam bem, (BIS)
Por cima são tudo rendas
Por baixo nem calças têm. (BIS)

As moças da minha terra,
Têm todas cordão d’ouro, (BIS)
Também têm bigodinho,
Á volta do mijadoiro. (BIS)

Fui à praia com o meu pai,
Fui à praia de calções, (BIS)
Andamos a tomar banho,
Com água até aos joelhos. (BIS)