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O
cérebro do ser humano é uma máquina perfeita. Tudo o que nos rodeia, como é
lógico, construído pelo homem, começou por ser uma ideia no consciente de um
ser humano. O Guitolão começou por ser, um som ou talvez um timbre no
consciente irrequieto do mestre Carlos Paredes. Quem conviveu de perto, com
Carlos Paredes, teve o privilégio de conhecer o seu lado misterioso com tudo
o que é transcendente na vida. No entanto no final de uma actuação, as
palmas do público não lhe davam a tranquilidade do dever cumprido.
Era
preciso treinar mais, porque determinada nota, não tinha sido bem dada, o
cavalete não estava bem posicionada, as cordas não estavam a soar como ele
gostava... enfim o som e a actuação perfeitos. Se a Guitarra de Coimbra, já
resultou da procura de uma nova sonoridade para a Guitarra de Lisboa, que é
estudada entre seu pai, Artur Paredes e a Família Grácio, Guitarreiros de
fama reconhecida, Carlos Paredes quis dar continuidade a esta mutação, de
parceria com Gilberto Grácio, que representa a terceira geração de
Guitarreiros da respectiva família. Carlos Paredes em 1970, numa conversa
tida com Gilberto Grácio, mostrou-lhe o desejo de ter uma Guitarra Barítono,
com um corpo de certo modo idêntico ao da Guitarra de Coimbra, mas com uma
escala maior, que lhe iria permitir procurar outras sonoridades e inclusive
outras afinações. Gilberto Grácio, dá corpo à imaginação de Carlos Paredes,
fazendo uma Guitarra Barítono, que o guitarrista experimentou, mas continuo
a tocar na sua guitarra, abandonando o projecto talvez porque não fosse esse
o timbre que pretendia. |
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Mas
Gilberto Grácio, não desiste da ideia e apesar de Carlos Paredes ter ficado
doente e acamado durante vários anos, o construtor Grácio completa a ideia
de Paredes e inventa um novo instrumento ao qual lhe dá o nome de Guitolão.
Este novo instrumento, foi apresentado, pela primeira vez ao público, num
concerto nas ruínas da cidade romana da Ammaia, em Marvão, incluído no
festival de música desta vila. Foi o compositor e instrumentista de
Portalegre António Eustáquio que o estreou, num concerto que contou com a
presença do Quarteto Ibero-Americano, demonstrando que o seu timbre, se
integra muito bem em quartetos de cordas. |
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Na opinião de
António Eustáquio, o Guitolão, não é um instrumento construído para o
acompanhamento do fado. Apresenta como principal característica o facto de
ter uma grande extensão tímbrica, no qual se podem obter notas muito graves
mas também agudas dando-lhe possibilidade para o surgimento de um repertório
novo e porque não um repertório clássico, com transcrições de música
erudita.
Esta nova característica, deve-se ao facto de Gilberto Grácio lhe
ter aumentado a escala tradicional da Guitarra de Coimbra em mais de 6
polegadas (15,24 cm) e encordou o instrumento com calibres de maior
espessura, para lhe conferir, respeitando a afinação da guitarra Portuguesa,
utilizar o sistema de transposição para notas mais graves, como é lógico com
calibres de cordas também de mais calibre. Mas os construtores não gostam de
revelar todos os seus truques de construção. Um instrumento musical não é só
aquilo que se vê. O seu interior e as medidas utilizadas não foram
reveladas.
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