Quanto Vale a sua Guitarra Antiga

 

Quanto vale uma Guitarra velha?

Muitas são as pessoas que pensam que, só porque têm uma Guitarra muito antiga, já têm um “pé-de-meia” para o resto da vida. O antigo não é sinónimo de valor monetário. Na tentativa de esclarecer e partilhar conhecimentos (não sou dono da verdade nem conheço o seu proprietário) vou tentar esclarecer alguns assuntos relacionados com instrumentos antigos embora este artigo tenha a ver com a Guitarra Portuguesa.

As antiguidades têm dois valores. Ou mais, conhecidos por saber negociar. Se precisa de vender e se a sua carteira está vazia, vale pouco, se tem muitos compradores (e a sua carteira está cheia) então o caso muda de figura. Quem quer tem de pagar bem!

Os problemas da antiguidade

As primeiras perguntas.

A Guitarra foi bem ou mal estimada?

Foi sempre tocada ou já não é tocada há muito tempo?

Esteve guardada num sítio arejado, com pouco calor e com pouca humidade?

Tem Estojo original e estimado?


 

Aqui começa o grande problema das Guitarras antigas. A sua colagem era feita a “GRUDE” que vidra e ao estalar descola as peças (Travessa) que suportam a tensão das cordas (cerca de 100 kg força) bem com dão resistência à caixa acústica . Uma rachadela nas costas do instrumento (para ficar bem arranjada) implica descolar as costas, repará-las e voltar a colar. Mas a colagem é feita por aperto de grampos ou cordas. Se houver outros pontos frágeis eles vão se descolar.

Resumindo: reparar bem uma Guitarra antiga colada a grude, implica desmanchar o instrumento e voltar a construí-lo. Como é lógico, se pretendemos tocar nessa guitarra antiga. Se é para negociar não mande arranjar porque é caro e o que vai pagar pelo arranjo é superior ao preço da venda, exceto se for uma Guitarra de um construtor consagrado ou de coleção. Outro aspeto é se a Guitarra for de um parente próximo e fizer gosto em ter uma Guitarra antiga bem conservada.

As Guitarras antigas (mais de 100 anos) têm uma sonoridade espacial, quase sempre com uma caixa acústica pequena (daí que muita gente pensa que são requintas, mas não são) e uma escala estreita. Muitos são os Guitarristas que não se adaptam a este tipo de escala. Não são Guitarras de trabalho (tocar todos os dias) mas sim de coleção ou para serem utilizadas em condições especiais.

As Guitarras especiais

Um bom Guitarreiro faz sempre boas Guitarras mas… de vez em quando uma... sai “muito boa” e outra sai mais fraca de sonoridade. Porquê? Penso que ninguém sabe. Mas o que será uma boa Guitarra. O Guitarrista (mesmo que não seja um grande Guitarrista) tem gostos próprios da sonoridade do instrumento. Altura das cordas, o seu Guitarreiro preferido, etc. Muitos são os Guitarreiros que fazem Guitarras por encomenda, mediante as características que o comprador pretende. Essa Guitarra pode agradar ao seu proprietário, mas não agradar a muitos outros. Como exemplos: Escalas direitas (como as Viola de Fado), escalas estreitas e muito abauladas, tiro de corda diferente do habitual (Lisboa 440 mm e Coimbra 470 mm), enfeitas em madrepérola na boca ou junto à ilharga, etc. Outro assunto que valoriza ou não são os tratos da Guitarra. Há quem prefira o traste em “T” convencional outros os de aço que são perpétuos mas as cordas não. Este tipo de trastes gasta muito os bordões.

Resumindo: se gostar de tocar Guitarra Portuguesa (Coimbra ou Lisboa), a sua escolha vai cair no seu gosto da sonoridade do instrumento e do tamanho da sua carteira. Mas se gosta compre, logo há-de aparecer outra melhor!